Eu gosto, muito, de morar em Campo Grande. Ok, ok, apenas há poucos anos temos boas peças teatrais, e o preço ainda não é lá muito acessível; o cinema daqui é caríssimo e só passa filmes infantis e adolescentes; as pessoas são um pouco fechadas e em todas as esquinas ouvimos músicas com rimas pobres de uma dupla sertaneja qualquer, coisa que tem aos montes aqui. Sem esquecermos que todos os anos a maior parte da população adora ir cheirar coco de vaca na Expogrande. E que hipocrisia, filhinhos de papai e supostos donos do mundo tem aos montes, mas isso, convenhamos, não é exclusividade nossa.
Mas Campo Grande também tem o Cine Cultura, um cinema com ótimos filmes e péssimo público. Tem sobá; tem imigrantes, que trouxeram seus costumes e tradições, fazendo de Mato Grosso do Sul um estado cheio de cores, costumes, tradições. Tem as ruas largas. Tem o MS Canta Brasil. Tem Ipê no inverno, tapetes de flores no chão. Um pôr-do-sol fantástico, parques lindos (que, todos sabemos, são para esconder erosões. Mas não deixam de ser bonitos). “Muito longe” aqui é um lugar que fica no máximo à 25 minutos de carro.
Enfim, sou campograndense. Nasci aqui, sempre morei aqui e desde que decidi sair tenho sentido uma pontada coração por deixar tanta coisa que vivi aqui pra trás. Minha família está aqui. Meus amigos. A maioria dos momentos mais intensos que vivi foi nessa cidade. Eu vivi, e vivo, as coisas boas e as ruins. Por isso, cada vez que escuto alguém falar que Campo Grande (ou alguma cidade do interior, como Bonito ou Corumbá) fica em Mato Grosso me irrito. Não é, queridos péssimos em geografia. Desde 1977 somos um estado, tem um “sul” que nos individualiza, nos particulariza. E, algumas vezes, nos envergonha.
Como hoje (ontem, na verdade, considerando que já passa da meia-noite), no programa CQC. Quase doeu ouvir que foi um deputado daqui que agrediu a equipe que fazia uma reportagem sobre os deputados que assinam sem ler projetos de emenda constitucional.
Nosso Excelentíssimo Deputado Nelson Trad foi o responsável pelo feito.
Para quem não sabe, não se lembra ou se confunde, não é apenas ele com este sobrenome na política sul-matogrossense. A família Trad é (perdão pelo trocadilho; mas eles mesmos o usam...) uma das mais tradicionais na política por estes lados. O atual prefeito (Nelson Trad Filho), o deputado estadual Marcos Trad e o ex-presidente da OAB/MS, Fábio Trad, são os três pimpolhos do excelentíssimo senhor. Seguiram os passos do pai na política; minha tristeza é não entender de política regional o suficiente para dizer se também o fazem na forma de fazer política. Espero que não (eu tenho uma queda quase ilógica pelo otimismo).
Sim, não sou nenhuma expert em política. A maior parte do que sei é resultado de algumas reportagens soltas e alguns comentários de minha tia (ela sim, entende e sabe de tudo o que acontece por aqui. É bem verdade que é direitista, mas parente a gente perdoa e releva quase tudo. Ainda mais ela). Mas nada, absolutamente nada justifica a forma como ele se comportou com a repórter Monica Iozzi. Não responder, como alguns fizeram, já é um absurdo. Fugir, fingir que atende ao celular e outras manobras utilizadas por outros parlamentares é uma atitude infantil, no mínimo. Mas o que ele fez foi vergonhoso. Por não responder, por empurrar a repórter e o cinegrafista, por ignorar. E, principalmente, porque ele realmente representa a política sul-matogrossense: uma política retrógrada, hipócrita, com fortes traços coronelistas.
E é como campograndense que ama e odeia essa cidade, como sul-matogrossense que não deixa escapar o “Sul” quando vai pra fora do estado que digo: sinto-me pessoalmente envergonhada. Se pudesse, pediria desculpas por esse tipo de atitude; afinal, tendo ou não votado nele, ele me representa naquele Congresso.
Agora, não posso deixar de pensar: em que isso resulta? Sei que, como eu, muitos viram e se indignaram. Mas também sei que se ele se candidatasse seria, muito provavelmente, reeleito.
Então é preciso transformar essa revolta em ação. O “BORA BRASIL” do tópico anterior continua valendo: quando acabar a copa temos que continuar lembrando que somos brasileiros. E deixar de cometer os mesmos erros.
Bom, primeiramente, moro no centro da rua para escapar da esquina dos "agroboys"! uauhauh, tb fiquei chateado de ver nosso MS ter sido tão "bem" representado...como você adoro morar em Campo Grande, ruas largas, adorava ver o por do sol avermelhado de cima do telhado de casa(pena não me aguentar mais ahahuauh), os campinhos para jogar bola e tudo, mas infelizmente o coronelismo ainda nos envergonha, Nelson Trad ja não é tão grosso quanto o pai, pelo contrário, ele é amável até d+!(ui! não quis dizer isso), ele funciona como um laranja de nosso (esse sim é grosso) Governador Puccinelli, Marcos trad, bom este é outro que está la por nome, e seguindo o caminho de alguns políticos que criam programas do tipo "Picarelli show" onde fazem campanha todos os dias na tv aberta, gerando comunicadores despreparados que acabam envergonhando a profissão de nosso amigo Rapha!
ResponderExcluirdo Fábio Trad, não tenho o que falar dele, dizem que ele é inteligente, mas vc viu que até Romário é quase um gênio num cqteste, não que o cqc seja ruim, na verdade é muito bom, mas o cqteste parece vestibular da Estácio de sá!
enfim, como tudo na vida, acho esse um assunto complexo d+ para poucas linhas! mandarei links do seu texto para todos no meu msn! gmail! twitter! orkut! qq coisa q eu usar! gostei mesmo! bjão!
Que bom que vc gostou Lincoln!
ResponderExcluirE não é que esse negócio de escrever ao invés de só pensar é bem mais divertido?! ahuhauhauha
Beijos