sexta-feira, 3 de junho de 2011

Eu queria que você soubesse...

Sabe, eu ainda penso em você. Em dias como hoje, madrugada alta, insônia batendo na porta, um vento frio que entra pela janela e quando percebo estou pensando em você. Não devia, eu sei. Também não queria, mas pensamento não é assim, uma coisa que a gente escolhe. Eu não escolho pensar em você, mas os pensamentos vêm à minha mente como borboletas que chegam voando devagarzinho e mesmo que a gente não queira elas param e se deixam ficar lá, esquecidas. Transformam-se em parte da paisagem.



E isso, de pensar em você, é uma coisa tão óbvia para mim, mas que quando tento explicar me soa tão confuso. Porque eu não penso em você querendo voltar àquela época. E nem com esperanças, ou esperas. Não é um sentimento ruim. Também não é saudade. Talvez nostalgia, mas nem é tão forte assim. É quase como se não fosse nada, mas se não é nada porque pensar, fico me perguntando. De repente me lembro de uma frase do Caio F. e me dá vontade de adaptá-la a nós: “E eu estava só começando a entrar num estado de amor por você. Mas você não permitiu, não te permitiu, não nos permitiu”. Mas não digo isso com ressentimento, ou mágoa. É só uma constatação, uma sensação de que podia ter sido, você me entende? A gente podia ter sido alguma coisa.



Sabe, não me lembro de você por solidão. Meu coração está novamente ocupado e, juro que não é uma forma de fazer birra, mas estou muito mais feliz do que naqueles dias. Mas pensar nisso me faz ter vontade de conversar com você. De te contar porque e como estou feliz, de todos os pequenos momentos dos últimos dias, dos últimos meses. Tenho vontade de contar alguns dos encontros e também dos desencontros que tive nesse período – insisto que não é para esfregar minha felicidade ou fazer algum tipo de jogo do tipo eu estou melhor sem você. Juro que não. Até porque tenho vontade de terminar de contar e logo ouvir o que você tem a me dizer, como que passou esses últimos meses, se você resolveu aqueles problemas, se tudo se ajeitou. Porque comigo, tudo se ajeitou – mais que isso, está tudo diferente do que eu tinha imaginado, mas é um daqueles diferentes bons, eu fico pensando que eu estou muito mais feliz do que poderia estar se tudo tivesse saído como eu tinha planejado. E eu queria muito, de verdade, saber que tudo se ajeitou com você também.



Acho que seria como reencontrar um amigo. Desses que a gente perde o contato, mas não o carinho. Talvez seja carinho o que eu sinta. Não, não é isso também. É quase como uma paz. Quase como se depois de todo aquele turbilhão de emoções suscitadas – vergonha, raiva, decepção, surpresa e tantas, tantas outras! – depois de tudo aquilo eu hoje sinta só uma paz. E me lembro de tudo isso como se fosse tão distante, como se fosse um filme do qual me lembro de alguns pedaços, algumas cenas, mas nem sei dizer que filme é, ou quando foi que assisti. E agora, falando nisso, me dá mais curiosidade do que vontade de te ver. Curiosidade de saber como eu me sentiria, se isso ficaria mais claro para mim. E como seria para você.


Eu não sei bem porque estou dizendo isso. Talvez seja o inverno chegando com todos os seus fantasmas, talvez sejam os ventos do outono que costumam bagunçar tudo. Mas queria que você soubesse: eu ainda penso em você.

Nenhum comentário:

Postar um comentário