No próximo domingo é aniversário da minha mãe. Ela faria 48 anos. Por isso já faz alguns dias que a saudade tem rondado, apertado um pouco mais forte. Como ontem no mercado com minha tia, em que tive que me segurar porque algumas lembranças insistiam em pousar no meu pensamento. Como logo que minha tia adoeceu, quando eu e minha mãe quase enlouquecíamos tentando entender o que ela queria, ou convencê-la de que aquilo não era necessário. Lembro que de vez em quando eu era a responsável porque minha mãe queria se esconder da tia, como que fugir dela por um tempo - dentro do supermercado. E eu tinha que dizer: “mãe, para com isso!” de uma forma meio rude e ela ria de um jeito que era impossível ficar inerte.
Mas foi uma saudade diferente que senti.
Porque minhas saudades, aquelas que se referem à minha mãe, são sempre muito doídas. A falta me remete sempre aos últimos meses, em especial aos últimos dias, à internação, aos sons e imagens e palavras daqueles últimos momentos e que tanto me marcaram.
Mas dessa vez não.

Foi uma saudade diferente porque me fez rir de algumas lembranças e me alegrar de ter tido essa pessoa tão maravilhosa me ensinando a viver. E hoje até a os beliscões na costela me deram vontade de rir. É claro que a falta dói, e por isso também não consegui evitar de chorar um pouco, enquanto ria...maluquice que hoje me pareceu óbvia. A falta dói, mas hoje eu me lembrei da presença e, ainda que muito pouco, foi reconfortante. Foi impossível não rir. Foi impossível não chorar.
E hoje, com essa saudade um pouco mais colorida, penso como seria se eu encontrasse com ela. Ela estaria orgulhosa pelo mestrado. Ela me mataria pelas tatuagens. Eu mudei um pouco nos últimos anos, me tornei mais cética, menos otimista... como ela veria essas mudanças? Acho que ficaria um pouco preocupada, mas entenderia. Ela sempre se preocupava. Talvez ela se decepcionasse um pouco com algumas das minhas escolhas e minhas crenças, talvez mantivesse a paciência e pensasse que eu ainda vou acertar o meu caminho.
Algumas fotos estão espalhadas pela cama e eu as vejo com o coração cheio da saudade mais feliz que eu já tive. Não é uma saudade fácil. Essa também machuca muito. Mas chego a pensar que talvez ela esteja em algum lugar olhando por mim e que um dia ainda vamos nos abraçar novamente. A fé, ainda que por uns poucos instantes, renasce em mim com a força que tinha na minha infância e adolescência; aquela fé inocente, que acredita sem dúvidas nem questionamentos. E por hoje eu consigo lembrar dela sem nenhum dos fantasmas que sempre rondam os meus pensamentos.
E eu consigo pensar em como foi, em como é maravilhoso tê-la como mãe; que ainda na ausência é absolutamente presente na minha vida. E de como é incrível ser um pouco como ela.
bom ouvir isso amiga.
ResponderExcluirSimplismente lindo livia...
ResponderExcluirmtas saudades da tia lendo seu texto...aposto que me mataria por ter engravidado e depois babaria em cima da vitorinha....saudades...
ResponderExcluirÉ Pri, hoje a saudade não tá mais tão colorida mas tá valendo...hehehehe
ResponderExcluirObrigada Danilo!!!
Tenho certeza Aline...primeiro ela ia quase te matar e depois era capaz dela fazer um monte de fraldinha e não sei mais o que todo rosa pra Vitória!