Não costumo fazer orações. Não para um Deus. Talvez essa informação seja surpreendente para alguns de vocês que me conhecem, mas para a grande maioria trata-se de uma afirmação desnecessária, óbvia. Não rezo para um Deus porque já há algum tempo penso que, caso ele exista, prefiro que se ocupe de situações mais graves e urgentes do que as minhas. Não me sinto à vontade ocupando Deus com meus problemas, que bem ou mal posso solucionar [ou ao menos conviver com eles] enquanto há pessoas morrendo de fome, uma bela de uma confusão no Oriente Médio, guerras, atrocidades, monstruosidades. Também não rezo para agradecer porque não sou modesta a ponto de guiar minha vida, tomar minhas decisões, seguir os meus caminhos e, nas poucas vezes em que acerto, dizer que a responsabilidade é de outra pessoa. Além disso, não consigo conceber um Deus tão infantil e mimado a ponto de precisar sempre que as pessoas lhe elogiem e prestem graças. Pra mim isso parece coisa de gente insegura, que precisa que tudo seja elogiado, que precisa ser paparicado. Depois de criar tudo o que dizem que ele criou ser inseguro não combina muito.
Mas enfim, estou dizendo isso porque hoje me deu vontade de fazer uma oração. Mas, não sou tão confusa assim, não é para um Deus. Acho, realmente, que todos deveríamos ter as nossas orações. Que fazemos para nós mesmos. Pedidos, promessas e, principalmente, a fé. Acreditar que está em nós a possibilidade de transformar a nossa vida e a dos outros; acreditar que é possível que nós façamos a diferença. Ter fé em nós e nas outras pessoas. E a vontade de fazer uma oração é para fazer um pedido a mim mesma, com toda a minha fé. É bem verdade que crer em mim não é algo que costumo fazer; pelo contrário. Mas as orações não são justamente para isso, para que não percamos e, mais que isso, para que aumentemos a nossa fé?
Por isso, uma oração. Hoje, que eu encerrei uma etapa da minha vida, uma oração que me dê força e uma direção para os próximos passos. É essa a minha oração, hoje. É um pouco ousada, talvez até prepotente. Mas é uma oração que eu faço com toda a minha fé, com todas as minhas forças:
Que hoje, ao terminar o mestrado, eu tenha conquistado mais que um título; que tenha sido mais uma etapa em uma formação comprometida com a mudança. Que minhas palavras não sejam vazias, que o que eu escrevi não tenham sido apenas frases de efeito, mas que eu realmente as use em minha atuação. Que eu não desista e que eu não pense que o melhor é que as coisas permaneçam como estão. Que quando minhas forças estiverem acabando eu tenha onde e porque recarregá-las. Que eu tenha sempre muita alegria, mas que ela não me impeça de ver a dor do outro e que vendo eu não a ignore. Que eu não me cale frente a práticas ruins, que eu não deixe de escutar os problemas dos outros e tentar buscar soluções. Que eu saiba conviver com e respeitar as diferenças. Enfim, que o conhecimento que eu produzi não fique trancado em um armário, mas que eu consiga propagá-lo e materializá-lo em práticas; e que eu nunca pense que o meu conhecimento atual é suficiente. Pelo contrário, que eu continue sendo movida por indagações e que esta sensação de precisar de explicações e respostas permaneça e faça de mim uma profissional que está sempre querendo e tentando melhorar.
E que assim seja,
Amém.
caracas!!!! mtooo bom o post! Amei, e certamente divulgarei heheh te amoooooooooooooooooo
ResponderExcluirlivi so vi hj. amém.
ResponderExcluirObrigada gente!!!!!!!!!!!!!!!!!
ResponderExcluirAmo muito muito vocês =D
Maravilhoso!
ResponderExcluirMuito obrigada, principalmente por me trazer de volta a esse texto, estava mesmo precisando refazer essa oração...
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