São Paulo, há duas semanas. Estou estranhamente adaptada a essa cidade – provavelmente porque ainda estou mais como turista do que como uma moradora. Já acho perto distâncias como uma hora e meia de transporte e ter que optar entre andar 20 e poucos minutos ou pegar outro ônibus já me parece melhor. Minhas pernas parecem saber onde me levar e quando me perco tenho a impressão que estou fazendo uma forma de reconhecimento. Aprendi a pedir informações, a trocar o ônibus pelo metro e depois outro ônibus, a usar o Google Maps em qualquer movimento.
Como ainda não tenho a data da qualificação, ainda não procurei nada por aqui. Acho que vai ser uma coisa de uma hora pra outra, e não posso correr o risco de arrumar por aqui um compromisso que me dificulte ou impeça de voltar pra Campo Grande. E nem perder uma entrevista ou coisa assim porque marquei e depois tenho que desmarcar. Enfim, estou quase na mesma espera que estava em Campo Grande, fazendo força pra controlar a ansiedade e quase enlouquecida com isso.
Mas São Paulo não é só espera. Já conversei com algumas pessoas, que moram ou moraram aqui, e que têm me ajudado muito – a me convencer que foi a decisão certa, me incentivando, dizendo que tudo vai dar certo. Minha insegurança, sempre tão grande, tem cada vez mais dado espaço a certeza de que as coisas vão dar certo. Além disso, existe uma coisa nessa cidade que me fascina. Existem, aliás, muitas coisas que me fascinam. É um mundo de possibilidades, muitas das quais eu talvez nunca chegue a conhecer. São tantas possibilidades que cheguei a questionar se é o doutorado mesmo que eu queria. Talvez procurar um emprego e ficar nele, são tantas as áreas da psicologia! Dúvida que já passou, embora a necessidade de arrumar um emprego seja permanente – preciso me manter por aqui, ao menos enquanto não tenho a bolsa. Isso, claro, considerando que eu entre no doutorado (acho que esse ano não dá mais tempo, provavelmente terei que fazer a seleção só no ano que vem). Me fascina também as pessoas, tão diferentes e convivendo no mesmo espaço, dividindo os lugares, os transportes, os sonhos e os objetivos.
Aqui parece que o tempo passa de uma forma diferente e minha vida tão milimetricamente organizada, como era em Campo Grande, cede espaço a horários malucos (e ainda nem tenho uma rotina que com certeza deixa isso ainda mais intenso). As pessoas aqui parecem ser mais amistosas do que em Campo Grande, o que realmente me surpreendeu. E, como disse meu irmão, as coisas aqui são muito duras e difíceis para que se perca tempo com picuinhas.
Mas uma coisa muito forte por aqui é a saudade. Sinto uma saudade imensa de milhares de coisas! Saudades dos amigos, até daqueles que eu não via com freqüência, mas que tinha a possibilidade de no próximo final de semana marcar alguma coisa. Saudade de encontrar pessoas conhecidas em qualquer lugar; sair pra fazer compras, ou à uma festa, ou em qualquer lugar e, invariavelmente, ver pessoas conhecidas; e às vezes ter a sorte de achar um amigo e pôr a conversa em dia. Saudade do meu pai. Uma saudade tão grande da minha tia que aperta meu coração toda vez que eu falo com ela. Saudade do pôr-do-sol! Aqui de repente já é noite e sinto falta daquela profusão de cores que em Campo Grande nos mostra que o dia já está acabando. Talvez porque meu coração esteja cheio de saudades, mas a saudade que sinto da minha mãe parece ser ainda mais dura por aqui.
E é assim, dividida entre o fascínio das possibilidades e o coração apertado de saudades, que vou começando a minha vida em São Paulo.
Saudade agente mata, a vida não! go go my psicoloca preferida!!! confio no teu potêncial(afinal ja colei muitos trabalhos que foram copiados dos seus na funlec!!! auhauhauh)
ResponderExcluire vai se arrumando ai! quanto mais amigos espalhados pelo brasil, maiores são minhas possibilidades de abrigo!!
bjão lévia!!
PS: ainda lhe devo o presente, pensei, pensei, e acho que chegar pelo correio terá mais sentido do que entregue em mãos! logo esperarei vc voltar pra SP! o/