terça-feira, 13 de janeiro de 2015

Chego aos 30

Amanhã vai ser meu aniversário – em alguns minutos, na verdade. E aos 30 não se faz uma retrospectiva do ultimo ano: se dá uma mirada por toda a vida. O que consegui e o que perdi até agora. Os meus medos, as minhas coragens, os meus amores, os meus amigos, os meus planos... nos ultimos dias o tempo todo uma dessas coisas bateu na porta do meu coração, exigindo que eu pensasse calmamente no que aconteceu e no que isso significou, ou ainda significa.

Os medos. Alguns permanecem quase intocados: o medo de não conseguir, assim, no abstrato e encaixado em quase todas as situaçoes ainda é grande. Mas a coragem tem vencido ele. Ou ao menos andando ao lado dele, me mostrando que pode ser que eu não consiga, mas tudo bem: eu vou em frente. Mas há menos medo. Tem sido mais comum a sensação de que eu consigo enfrentar o que a vida me der: nos ultimos anos, quando a vida me desafiou eu acabei pagando pra ver e saí ganhando. Chego aos 30 com muito poucas certezas, mas aprendi que às vezes é preciso se perguntar “por que não?” e se não tiver uma resposta muito convincente simplemente arriscar.

Os meus amores. Penso que sou a rainha das declarações tardias: a mais emblemática foi uma vez que ele me disse que queria me ver, tinha gostado muito do que tinha acontecido entre a gente e eu fui concordando, pensando que a gente podia dar um jeito de contornar a distância... até que ele disse que não podia porque agora estava namorando. Fiquei extremamente irritada. Nesse dia tive certeza que declarações só devem ser feitas quando se quer saber do futuro: declarações do tipo “eu gostava de você, já não gosto” são de extremo mal gosto. Em mais de uma vez perdi o chão porque estava envolvida e levei um fora. Em mais de uma situação dei um fora porque não estava envolvida e, entre mortos e feridos, salvamo-nos todos: não tenho arrependimentos. Mas uma pessoa me disse que eu era sua alma gêmea. Eu estava para fazer uma grande mudança na minha vida, eu sabia o que isso significava, era (é) uma pessoa muito especial para mim e eu simplesmente tive medo. Tive tanto medo que fiz de conta que não entendi – é o único que às vezes me pego pensando no que poderia ter sido se eu tivesse feito outra coisa. A verdade é que no que tange aos sentimentos para mim é tudo muito intenso. E, como qualquer mulher solteira na minha idade, já passei por todo tipo de situação que me fez pensar em desistir disso. Mas tenho uma fé meio à la Poliana, então no fim das contas sempre seco a lágrima (sim, eu choro por homem, depois me odeio por isso e juro que nunca mais vou chorar) sacudo a poeira e vou adiante. E, nesse meio tempo, há sempre aqueles casos, casinhos, ocasiões, amores de transição... e, principalmente, os amigos para tornar a fossa suportável e aumentar a esperança de melhores amores.



Os meus amigos. Sou, sem a menor sombra de dúvida, uma pessoa privilegiada. Tenho amigos que nem mesmo a distancia separa. Conversas, vidas compartilhadas, problemas divididos, alegrias comemoradas... grandes amigos a quem confio a minha vida. Todas as palavras do mundo seriam poucas para demonstrar a importancia que eles tem na minha vida. Chego aos 30 sem poder ter o abraço de nenhum deles nessa data: mas não importa tanto porque todos os outros dias eles estão junto e logo estaremos também perto.

Os planos. Minha vida está absolutamente diferente do que imaginei que estaria. Mas não diferente-ruim. Sei exatamente onde estou e o que quero; e também o que fazer para chegar lá. Mas tambem tenho a serenidade de quem já sabe que os planos podem ser mudados no caminho e que a vida às vezes nos leva pra lados que nunca imaginamos estar... mas que também são explendidos. Não tenho absolutamente nada – nem carro, nem apartamento, nem sei onde vou estar morando daqui há seis meses. Também não tenho uma relação estável e embora ainda às vezes pense em ter filhos esse não é exatamente um plano. Mas isso não faz com que minha vida esteja ruim: eu estou em Madrid, conhecendo pessoas e lugares que nunca imaginei que conheceria, tendo experiencias que são inenarraveis. Crescendo e me conhecendo mais do que pensei que fosse possível. E, mais do que as respostas que pensava ter aos 20 anos, hoje sei que são as perguntas que realmente importam. Foi a dúvida que me trouxe até aqui. E por isso chego aos 30 simplesmente sabendo e sentindo que estou bem, que minha vida não está nos eixos porque a vida não é um trem para estar sempre em cima dos trilhos fazendo os caminhos de forma ordenada e segura. 


Chego aos 30 menos neurótica do que pensei que estaria. No fim das contas, é só um número: e eu e os números sempre nos demos bem. 

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