terça-feira, 25 de setembro de 2012

Vestida de saudade

De vez em quando eu acho que aprendi a controlar a saudade.
Depois de evitar, de negar que sente, de ignorar, de achar que ela vai te destruir, de achar que é ela quem te dá vida, depois de ter absoluta certeza de que ela nunca vai passar a gente aprende que tem algumas datas, alguns acontecimentos, alguns encontros que vão trazer consigo toda a saudade do mundo. Aprende que na maior parte do tempo a saudade fica quietinha num cantinho do nosso coração; às vezes ela dá uma acordada – quando vem uma música, uma lembrança solta, uma foto – se espalha um pouco, mas volta logo pro seu lugar cativo. E em algumas datas ela vai ganhar força e tomar nosso coração e depois todo o nosso corpo e vestidos de saudade a gente vai carregar um misto único de dor e alegria.
Ás vezes a dor é infinitamente maior e a ausência é sentida na pele, em cada pedacinho do corpo. Outras vezes, a alegria e a lembrança dos bons momentos nos abraçam e a sensação de conforto parece nos embalar. E eu sei que em algumas datas ela sempre aparece e por isso achava que estava preparada pra um e pra outro, nos dias marcados que acostumei a esperar a saudade chegar.
Dia das mães. Aniversários – meus, dela, da despedida. Grandes mudanças, pro bem ou pro mal, nas conquistas e nas derrotas. Nessas datas eu sempre respiro fundo e me visto com a saudade que sempre chega de mansinho, lembrando que já não existe nem o colo de consolo nem o abraço de vitória. E a saudade parece com um vestido de saia rodada, cheio de cores e movimento e vesti-lo pode ser bonito, mesmo quando é triste, mesmo quando chove. Pode ser bonito porque ele não tem só dor e sofrimento: ele vem repleto também das lembranças dos bons momentos, pela certeza das marcas deixadas pela vida. Pode ser bonito porque dependendo do movimento que a gente faz as cores mais alegres ficam por cima e o movimento da saia faz a gente parecer livre e leve, com um sorriso meio bobo e também porque depois que você usa muito a saudade você sabe o que nela te faz melhor e se aproveita disso.
Eu aprendi a esperar a saudade chegar com hora marcada. Mas a saudade não aprendeu a chegar só nas horas que eu marquei.
A saudade faz questão de chegar de repente, sem aviso, no começo de uma semana qualquer. Quando a gente pensa que a vida seguiu seu curso e começa a parecer que só temos o futuro, quando a gente acha que aprendeu a viver com aquela ausência, a saudade vem e mostra que as coisas não são fáceis, assim. E, quando vem desse jeito, a saudade não se anuncia: já acordo completamente tomada por ela. Cada gesto, cada movimento, cada tudo é motivo de lembrança e cada lembrança parece envolta em uma fina névoa. Os projetos, as lembranças doces dos últimos acontecimentos, os problemas cotidianos, as tarefas, as vontades, os medos, os sonhos, tudo fica em segundo plano.
Hoje eu até procurei outros vestidos. Vesti paixonites, sorrisos, confusões, ideias, obrigações... mas no fim, me convenci que nada ia ficar tão bom: hoje eu estou inteiramente vestida de saudade.

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Pedaços de coração

Há algum tempo atrás deixei com você parte do meu coração. Não, não se preocupe: não estou pedindo algo em troca, foi só um comentário à toa. Deixei meu coração com você porque estava espalhando pedaços do meu coração por aí e no caminho você apareceu e sorriu pra mim e não sei se você sabe mas eu tenho uma queda por sorrisos assim, doces, como o seu. Engraçado pensar que nas últimas semanas, nesse reencontro, você merece ainda mais a parte que já tinha lhe dado. Acho que eu, confiante no seu sorriso, deixei como um adiantamento, antes de saber como seria o futuro.
Já disse, foi um comentário sem importância. E também não se engane, não é em um sentido romântico que digo isso: não se trata de um daqueles rompantes melosos no qual se afirma que o coração pertence inteiramente a quem se está apaixonada. Na verdade eu acho que a vida deixou meu coração em pedacinhos e ao invés de colar e entregar tudo nas mãos de uma pessoa só eu tenha resolvido que o melhor é deixar ele pelo caminho, nos bons encontros que a vida me dá de vez em quando. E olha só, percebi que isso fazia com que ele tivesse cada vez mais pedaços, de diferentes tamanhos e formas e cores. Por isso deixar meu coração com você me fez bem, ainda quando eu não sabia no que isso ia dar, ainda que no fundo eu ainda não saiba no que isso vai dar, ainda que talvez isso não tenha mais futuro além do que isso que temos no presente.
Não, não deixo pedaços do meu coração com qualquer pessoa que cruza meu caminho; mas também não deixo só com aquelas que eu acredito que vão ficar por muito tempo na minha vida. Deixo com amigos, com pessoas que me ensinaram alguma coisa, que me ajudaram de alguma forma, pessoas que me marcaram. Essas coisas têm muito pouco a ver com tempo de convivência. E quando digo que deixei um pedaço do meu coração com você é porque aquele encontro, ainda que breve, me marcou.
Sim, você me marcou. Não sei dizer porque... talvez pela confusão de emoções que eu estava naqueles dias e você ter aparecido com uma serenidade tão grande fez com que eu tivesse a impressão de que você sabia exatamente onde estava e o que queria dali em diante, e tive inveja disso. Inveja não é a palavra certa, acho que foi mais admiração mesmo. Talvez tenha sido o que você representava. Talvez tenha sido só o seu sorriso mesmo, enfim, não sei, podemos passar horas nessa especulação e isso não vai chegar a lugar algum.
Se mudou alguma coisa? Claro que sim! Agora eu te conheço melhor, não são só impressões e especulações: são momentos que vivemos, nossas conversas, nossas risadas. Tivemos até alguns medos compartilhados e às vezes acho que isso é o que mais aproxima as pessoas. Fico feliz em dizer que somos amigos e isso é muito mais que qualquer fantasia, isso é mais do que um pedaço de coração em troca de um sorriso.
Eu não estou te dizendo que estou apaixonada; estou lhe contando que um dia deixei contigo uma parte do meu coração e essa parte sempre vai ser sua. Mas sabe...estou dizendo isso porque se você quiser, posso te dar uma parte maior, mais bonita. Você cuida?

domingo, 15 de julho de 2012

Desejos

Eu não quero ter cuidado
Com o que falo,
Com o que quero,
Com o que sinto.

Eu não quero ser amada
Pelo que acham,
Pelo que desejam,
Pelo que minto.

Eu não quero ser julgada
Pelo que dizem,
Pelo que esperam,
Pelo que ignoram.

Eu só quero ser culpada
Pelo que calo,
Pelo que omito,
Pelo que desisto.

domingo, 27 de maio de 2012

Por que estamos aqui?

Era domingo, um domingo comum – ou seja, cheio de solidão e angustias, porque bons domingos são quase um paradoxo. Já era noite, naquela hora que realmente não há nada pra se fazer: cedo demais para dormir, mas de qualquer forma não teria sono; tarde demais pra começar uma coisa nova, porque logo já era hora de se preparar para a semana; e o que havia sido começado já tinha sido feito ou desistido. Era uma dessas horas em que só nos resta pensar.

Levantou, foi à sacada, sentiu o vento frio. Viu o céu sem estrelas, as luzes, as nuvens. Procurou pela lua, mas não achou. Procurou por movimentos na rua, mas qualquer barulho estava longe de sua visão. Procurou por resposta, mas as perguntas não lhe agradavam. E foi depois de um tempo perdida dentro do nada que passou pela sua cabeça a pergunta que volta e meia atormenta algumas pessoas: por que estamos aqui?

Por que isso, de viver, sofrer, ser feliz ou não, amar e perder, sentir e esquecer? Pra que os jogos, as paqueras, os romances inventados, os olhares, os toques, as conversas, as brigas destruidoras, a morte, a vida redescoberta, os sorrisos dados e os recebidos (ah, principalmente os recebidos...), os estudos, as pesquisas, o trabalho? Que sentido tem os encontros e desencontros, as despedidas logo amenizadas pelos telefonemas e recados na internet, aquelas que se sabe eternas e que na verdade nunca recebem o adeus final? Pra que isso tudo? Que sentido tem os amigos e amores, as paixões de momento e as da vida, os inimigos, as pessoas que marcam a nossa vida e aquelas que mal nos lembramos que existem?

Ficou por um tempo brincando com esse jogo de palavras que representava a vida dela por mero exercício de retórica. Porque essa resposta era a única que ela já tinha: não importa o porquê. A única coisa que se pode saber é que se está aqui, e a melhor opção é simplesmente viver. Ela sabia que a vida é pra ser vivida, não explicada. Porque enquanto nos preocupamos com impressões e definições, a vida surpreende com sensações e sentimentos. Quando encontramos respostas surgem mais perguntas e são realmente elas, as perguntas, que fascinam. Quando planejamos a vida nos brinda com momentos inesperados, encontros e abraços. Quando achamos que ela é só dor e sofrimento é que encontramos os melhores sorrisos e gargalhadas. Quando estamos com a impressão que é alegria ela nos joga no meio de um furacão de perdas e destruição. Mas é quando não pensamos, não planejamos, não decidimos, não explicamos que ela se mostra inteiramente, que ela revela sua face mais bonita. É quando podemos sentir que verdadeiramente se é.

Ela sabia que a vida não pode ser só explicada: ela deve ser sentida.

quinta-feira, 8 de março de 2012

Dia Internacional da Mulher

A história quase todos já conhecem: uma fábrica foi trancada e colocaram fogo; lá dentro havia muitas mulheres que reivindicavam seus direitos e que por isso morreram queimadas. Anos depois, sugeriu-se tratar esse evento como símbolo da luta pelos direitos das mulheres e instituir o dia 08 de Março como o dia Internacional das mulheres, dia de lembrar das lutas que já travamos e daquelas que ainda nos falta travar, e de quantas já deram a vida – de dezenas de formas possíveis – para que pudéssemos estar onde estamos hoje. Conquistamos muito, e muito mais há para fazer: isso que esse dia deveria nos lembrar.

Como qualquer data comemorativa, no capitalismo essa data transformou-se em uma marca de consumo: dê presentes às mulheres de sua vida. Flores, principalmente. E li um texto belíssimo que diz que não queremos a flor e todos os símbolos que ela trás, não queremos ser reduzidas a isso, queremos ser mais queremos ser tratadas com respeito. Mas o que mais me chamou a atenção foram alguns comentários que diziam que era exagerada tal manifestação, inclusive um que dizia que a mulher receber menos pelo mesmo cargo era justo já que os homens seriam “naturalmente” mais centrados enquanto nós estamos sempre pensando em outras coisas – filhos, TPM, sei lá mais o que – e que, portanto, não poderemos ser tão eficientes quanto eles. Tive uma reação que foi do completo horror (como assim? Essa mulher tá falando que a biologia comprova que somos inferiores?) passando pela vergonha (e isso vindo de uma mulher, que resolve assumir sua suposta inferioridade, ou como ela afirma, sua incapacidade em determinados setores!) até que chegou ao entendimento: o de que ainda há muito a se fazer.

Eu não sou feminista. Concordo que há poucas coisas tão machistas como o feminismo; afinal, a mulher em alguns momentos teve que deixar de ser mulher para mostrar que não era inferior e no fim das contas só mostrava que nós, mulheres, podemos ser homens. Reconheço toda a importância desse movimento, penso que foi extremamente necessário e nos trouxe magníficos avanços; mas penso também que o momento agora é outro. É o de se saber diferente e justamente por isso ser respeitada. Eu posso vestir saia e ser uma profissional excelente. Eu posso usar maquiagem e não ser submissa. Eu posso ser dona de casa e não ser tratada como inferior, ou como alguém que não faz nada. Eu posso querer não ter filhos e não ser menos mulher por isso. Eu não sou superior aos homens; mas eles também não são a mim!

Tem gente que acha que são desnecessárias essas medidas, esses discursos. Já vi até dizerem que ‘conquistamos nosso espaço’. Discordo. Acho que é uma luta que a gente tem que travar todos os dias. Já ganhamos muita coisa, mas ainda vivemos em um mundo machista, patriarcal, opressor. E o que é pior, agora é cercado de uma opressão velada, contra a qual é muito mais difícil de lutar. É aquela disfarçada em piadinha, e ai de quem se ofende! Afinal, você não sabe nem brincar? São as coisas que são tão cotidianas que nem nos atentamos que é preconceito (como o famoso “filho da puta”; por que ofender a mãe, e não a pessoa? É quase como se disséssemos “tudo bem, foi sua mãe que não soube te educar e por isso você é assim”...). São as mulheres que tem que fazer jornada dupla, tripla, porque apesar de trabalharem fora as responsabilidades domésticas nem sempre são divididas, como se nos dissessem “tudo bem, você pode brincar de ser o que quiser lá fora, desde que você cumpra as suas obrigações de cuidar da casa, do marido e dos filhos quando chegar. E se seu filho arrumar confusão ou não se sair bem na escola, se sua filha engravidar, se seu marido ir com uma roupa mal-passada ao trabalho a culpa vai ser toda sua!”. Isso não é igualdade. Na minha família as coisas, felizmente, não eram assim. Minha mãe é o maior exemplo que eu tive na vida, que me ensinou muito sobre o que é ser mulher. Ensinou a cuidar, mas não ser submissa; a me doar, mas não levar desaforo pra casa; a ser intensa e passional, e que isso não significa perder a razão. Ela me ensinou sobretudo que não existem lugares pré-definidos para mim. Talvez por isso eu ache tão ofensivo cada vez que eu me confronto com situações em que essa suposta inferioridade é tomada como princípio.

Eu já tive medo por ser mulher, quando andava na rua e um homem disse que “assim que é bom, nem dá trabalho porque é só levantar o vestido”. Eu já atravessei a rua com medo de passar na frente de uma construção. Eu já quase morri de raiva ao levar uma cantada barata de um superior hierárquico e perceber que o melhor era me fazer de desentendida. Eu já fui chamada de vagabunda pelas costas. Eu já tive que ouvir que deveria estudar menos porque ‘homem não gosta de mulher inteligente’ e que eu deveria realmente me preocupar senão eu ‘ia ficar pra tia’. Eu já ouvi que devia beber menos porque mulher não devia fazer isso. Eu já tive vergonha do meu corpo. Eu já me senti gorda e feia (e às vezes ainda sinto!) por não estar dentro de um padrão irreal de beleza. Eu já ouvi que tinha que ‘me cuidar mais’ por não ser magra. Eu me indigno com piadinhas do tipo ‘todos os outros dias são dos homens’, principalmente porque sei que elas têm um fundo de razão em um mundo em que ser mulher é motivo de preconceito. E, apesar dessas coisas, o que mais me machuca é saber que isso é ínfimo perto do que milhares de mulheres passam todos os dias, perto das situações de violência, dos crimes, das humilhações, das exigências irreais que só servem para sustentar o machismo.

Eu não acho que devemos apenas comemorar o dia da mulher, mas lembrar de continuar a luta pelo direito à diferença. Eu sou uma mulher que gosta de usar vestidos e maquiagem, que gosta de cozinhar, que na maior parte das vezes está com a unha feita e o cabelo arrumado, mas que não quer de forma alguma ser resumida a isso. Eu sou uma mulher que sonha, que tenta lutar, que é sensível (e até um pouco chorona) e tem lá seus momentos de carência, e que não quer ter vergonha de ser assim. Eu quero poder andar sozinha na rua sem receio de ser tratada como um objeto, ou de ser vítima de violência. Eu gosto de ser cuidada não porque não tenho capacidade de seguir sozinha, mas porque é mais fácil quando a gente tem com quem dividir os problemas e também as alegrias, as conquistas. Eu gosto de ser elogiada, mas ser tratada como um objeto sexual não é elogio. Eu não quero ser um homem. Eu gosto de ser mulher. Mas o que eu realmente quero é ser uma mulher que não tenha medo ou vergonha, que não se sinta inferior por ser o que é.

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Um ano

- Achei que você não fosse ligar.
- Foi o combinado. Um ano. Não importa o que acontecesse, eu te ligaria. Mas achei que você não fosse atender.
- Foi o que combinamos. Um ano, não importa o que sentiríamos. Um ano e eu atenderia.
- Não achei que fosse parecer tanto tempo. Mas um ano é tempo demais.
- Os primeiro meses foram mais difíceis. Eu pegava no telefone pra te ligar, contava os dias, parecia tão distante. Mas chegou uma hora que acostumei com a ausência. Foi aí que pensei que você teria esquecido.
- Também achei mais difícil no começo. Tive vontade de ligar e cancelar o trato. Tive vontade de tocar a sua campainha num dia de chuva, ensopado até a alma e pedir abrigo na sua casa, na sua vida. Chovia muito, era dezembro. Essa vontade sempre passava na minha cabeça.
- Vi muito a chuva cair pensando em você. Aí tocava o telefone e era engano. Não importa quem era, mas não era você, então sempre pensava que era engano.
- Tive vontade de te ligar e desejar feliz natal. Eu sempre amoleço no natal.
- Eu queria te desejar feliz ano novo. Aquelas coisas de esperanças renovadas, segundas chances, recomeços. Podia ser pra gente.
- Mas veio Janeiro.
- Veio fevereiro.
- Fui acostumando. Fui vivendo.
- Um ano é muito tempo. Vendo assim, agora que passou.
- Eu mudei. Mudei de cidade, de emprego, criei um rumo. Tenho planos.
- Eu continuei. Na mesma cidade, na mesma casa. Mas a vida agora é outra. O emprego também. Os planos, foram e voltaram umas dez vezes diferentes.
- Eu to namorando. Mas quero terminar.
- Eu to sozinha. Mas to apaixonada. Pela segunda vez nesse ano.
- Sempre fui me deixando levar, mesmo sem querer muito.
- Sempre fui passional. Apaixono-me por tudo e por nada.
- Sinto saudades. Queria viver aquilo de novo.
- Sinto uma paz, uma leveza, acho que isso que é felicidade.
- Sempre pensava em você.
- Pensei que nunca te esqueceria. Mas percebi que pensava, mas não sentia.
- Cortei o cabelo.
- Fiz uma tatuagem.
- Tive um sobrinho
- Foi um ano sem velórios, e com casamentos. O que não significa que tenha sido bom.
-Levei tombos grandes.
- Mas levantei. No fim das contas a gente sempre levanta.
- Trabalhei muito, quase não sai, nem me diverti.
- Trabalhei muito, saí muito, me perdi. Mas sempre me divirto.
- Vi um filme que você ia gostar.
- Li um livro que você ia amar.
- Conheci gente nova. Ninguém interessante.
- Conheci gente que em pouco tempo já mudou a minha vida.
- Resolvi aqueles problemas.
- Criei novos problemas. Nada saiu como o esperado, mas tudo foi se arrumando.
- Não estou mais brigando com Deus.
- Não estou mais acreditando em Deus.
- Se pudesse, faria tudo diferente. Sei que fiz tudo errado.
- Já me arrependi. Passou.
- E agora?
- Um ano é muito tempo.
- Tudo mudou.
- Não tem volta.
- Desligamos?
- Desligamos. E adeus. Dessa vez, para sempre.
- Ou até a próxima esquina. Adeus.