terça-feira, 27 de setembro de 2011

Procurar fazendo de conta que não procura. Sorrir descontroladamente, ainda de longe, pensando no que se quer falar. Coração num salto, segura, conversa tentando perceber sinais. Pensar em como se comportar. Ou no que falar. Tchau de longe, trocas de olhares discretos. Será? Não sei. Impressão minha? Passar despercebida. Ver, saber que também viu, mas fazer de conta que estava muito interessada numa outra conversa qualquer. Coisas bobas que encantam. Um desaforo e um olhar de desafio. Uma resposta e uma cara fazendo de conta que tá brava, com um sorriso que denuncia o contrário, um sorriso que diz “ok, nessa você venceu”. Um olhar de cumplicidade. Dúvida.


A possibilidade, enfim.

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Escrevo

Escrever é meu jeito de (me) entender. Escrevo pra mexer no que tá aqui dentro, transformar em uma coisa nova. Ou às vezes naquela mesma coisa velha, batida, já esgarçada, mas que é ainda necessária, porque não entendi de verdade. É preciso, quando a gente não entende, repetir. É preciso mais do mesmo, olhar por outro ângulo, de cabeça pra baixo, voltar pro jeito certo. E perceber que não existe jeito certo e mesmo assim continuar procurando um jeito qualquer que seja mais fácil, ou simples, ou possível.

Escrevo porque sinto demais. Sinto tanta coisa, tanta bagunça, me perco dentro de mim e minha mania de teorizar exige que eu explique. Que tente, ao menos. Transformo essa bagunça em algumas palavras, em frases, e aí as frases ganham uma vida que não é minha. E no fim percebo uma estória que parece a minha, mas já não é. Uma frase, perdida no meio de todas as outras, aquela sou eu, é o que me define, o que me explica. Às vezes ela se encaixa perfeitamente entre as outras e nem me lembro exatamente quem é ela. Outras vezes tenho a impressão que ela ficou perdida, confusa, deslocada, mas disfarçou bem e só eu percebo que ela ta lá, destoando, me entregando.

Escrevo porque uma frase fica pulsando aqui dentro. E então, se eu deixo ela passar, é como se eu me perdesse um pouco pelo caminho. Escrevo porque não ajo. Porque na hora de fazer, eu teorizo, explico, crio. E resolvo, criando uma estória que não é minha. Ou é?