segunda-feira, 25 de julho de 2011

Da série: textos perdidos (II)

Nosso romance durou 183 dias. Foram duas estações, sete posts em um blog qualquer, pelo menos 132 twetts, 27 indiretas por frases do MSN, um número incontável de músicas escutadas que traziam lembranças, outro tanto número de momentos sonhados, uma solicitação, desencontros e confusões. Sem contar, é claro, aquelas coisas que a gente acaba não contando.

Começou na primavera, como deve começar qualquer romance que não vai durar. Enganamo-nos com as cores, as flores, as borboletas e o clima ameno que chega pra tirar do caminho todos os fantasmas do inverno. Deixamo-nos levar com toda aquela falsa alegria que paira no ar. Mas como outra flor qualquer esse tipo de amor não sobrevive ao abafado e chuvoso verão, com a claridade que insiste em revelar todas as verdades ocultas e disfarçadas.

Foi tarde, visto que nem devia ter chegado. Mas deixou um espaço vazio na cama, outro no coração, uma vontade de toque constante, a falta do gosto de um beijo e um jazz pra animar as noites de fossa. E deixou, principalmente, a vontade de mais um amor. Ou da próxima primavera.

domingo, 17 de julho de 2011

Eros e Psique

Fernando Pessoa, para nos lembrar que às vezes é preciso travar grandes batalhas para descobrir aquilo que está dentro de nós.

Eros e Psique

Conta a lenda que dormia
Uma Princesa encantada
A quem só despertaria
Um Infante, que viria
De além do muro da estrada.

Ele tinha que, tentado,
Vencer o mal e o bem,
Antes que, já libertado,
Deixasse o caminho errado
Por o que à Princesa vem.

A Princesa Adormecida,
Se espera, dormindo espera,
Sonha em morte a sua vida,
E orna-lhe a fronte esquecida,
Verde, uma grinalda de hera.

Longe o Infante, esforçado,
Sem saber que intuito tem,
Rompe o caminho fadado,
Ele dela é ignorado,
Ela para ele é ninguém.

Mas cada um cumpre o Destino
Ela dormindo encantada,
Ele buscando-a sem tino
Pelo processo divino
Que faz existir a estrada.

E, se bem que seja obscuro
Tudo pela estrada fora,
E falso, ele vem seguro,
E vencendo estrada e muro,
Chega onde em sono ela mora,

E, inda tonto do que houvera,
À cabeça, em maresia,
Ergue a mão, e encontra hera,
E vê que ele mesmo era
A Princesa que dormia.

segunda-feira, 11 de julho de 2011

No final do ano passado, eu coloquei um quadrinho da Mafalda no qual ela dizia que tinhamos que receber o ano novo com otimismo e dizer "Olá ano-novo, que alegria tê-lo com a gente" e, no quadrinho seguinte, ela continua: "E vamos ver se em Julho podemos dizer a mesma coisa, viu?"
Bom, chegou julho. E o fato é que posso, sim, dizer que esse ano está sendo muito bom.

Esse ano está passando incrivelmente rápido. Mas posso dizer, com toda a certeza: é muito mais do que so far so good. Está sendo um ano realmente bom.