Fevereiro é um mês intenso. As cores
do carnaval se espalham pelas ruas e pelas almas. Tem sempre um samba embalando
a vida, tem sempre alguém fazendo do nosso coração
uma bateria de escola de samba. Fevereiro tem chuvas que fingem ser
confetes e raios que tentam vir até a terra pra pular um pouco o carnaval.
Mas nesse ano as cinzas da
quarta-feira vieram antes da purpurina, dos tules e das lantejoulas. Elas se
espalharam por todo o mês e sujaram meu carnaval. Sem confetes, fantasias nem
serpentinas: foi um mês de notícias difíceis, desencontros, dores. Um mês curto
para tantos acontecimentos. Seus 28
dias foram se arrastando pelo tempo, uma eternidade; um fevereiro que veio do
avesso. Um mês que levou algumas fantasias, muitos planos, minha
vesícula e algumas de minhas máscaras. Descobri da forma mais doída que as
vezes as pedras não estão no meio do caminho, estão dentro da gente. Fevereiro também
trouxe algumas conquistas, resolveu alguns problemas, promoveu alguns bons encontros... mas
ainda assim não deixa saudade.
Au revoir, fevereiro.
Que venha março. Que as chuvas
que fecham o verão levem todos os problemas, confusões, dores e medos. Que tenha
risadas e alegrias e conquistas. Que tenha bons encontros. Que seja repleto de silêncios
esclarecedores, palavras delicadas, momentos intensos. Que todos os
aniversários de março tenham festas que nos façam esquecer todos os problemas
(e também alguns brigadeiros, se não for pedir demais). Que os abraços dos
encontros confortem um pouco a tristeza dos abraços das despedidas.
E que tenha acasos que mudem o
rumo da vida – e que dessa vez seja para um caminho melhor.