segunda-feira, 25 de abril de 2011

Uma amizade em fotos

Quando eu estava no segundo ano do Ensino Médio eu fui à casa de um amigo meu, o Vinicius. Foi um desses dias à toa: estávamos eu, minha irmã, a Fabi, a Yara, o Felipe e o Yuri. Bom, nossa amizade continua até hoje, mas não é dessa amizade que quero contar hoje – é bem verdade que essa merece um longo e sentimental post, mas não hoje. Hoje é para falar de uma pessoa que eu conheci nesse dia. Ou melhor, que eu vi pela primeira vez nesse dia.
O fato é que estávamos no Vinicius esse dia, fazendo a maior bagunça. Fizemos competição para ver quem colocava mais pipoca na boca,




Colocamos roupas de teatro e fizemos posses esdrúxulas (eu até pensei em por essa foto, mas essa não dá), fizemos guerra de travesseiro, ouvimos música, vimos fotos, conversamos, comemos pimenta, bagunçamos.


Enfim, passamos a tarde inteira nos divertindo.
É, mas a irmã desse meu amigo ficou trancada a tarde inteira dentro do quarto dela.
Mas a gente era muito sem noção. E, para encher o saco, invadimos o quarto dela. E tiramos uma foto surpresa:


Olha só, até chamamos para que ela tirasse mais fotos com a gente. Mas não sei porque – penso de verdade que ela devia odiar a gente – ela não quis.
Temos uma característica muito particular: somos um grupo de amigos. E por isso, um amigo trás outro amigo, aí um irmão, um primo, algum conhecido... e com isso, além de ser amiga do irmão dela, acabei me tornando também amiga dela - eu não sei dizer exatamente quando, ou como. Mas sei que não foi nesse ano. Acho que foi até depois que eu comecei a faculdade, mas continuávamos nos encontrando em festas, encontros, bagunças.



Essas fotos foram tiradas em 2001. Fazem, portanto, 10 anos. E aconteceram milhares de coisas nesse meio tempo.
O fato é que a irmã do meu amigo se tornou uma das minhas melhores amigas.
A Angélica – ou Gê – é uma pessoa incrível. Divertida, dedicada, companheira. Com um otimismo empolgante. Séria quando necessária. Disponível para os amigos sempre que eles precisam. E isso fez com que, pouco mais de cinco anos depois, já estávamos em uma mesma foto:





E olha só: em tão pouco tempo (a foto é de cinco anos, mas bem antes já éramos amigas) nos tornamos muito amigas. Tanto que nesse dia ela me viu em cima do balcão do Pele Vermelha - essa foto é da boate da minha formatura. E nem foi o dia que ela me viu de porre. E, no dia seguinte, estava ela no meu baile de formatura, compartilhando comigo um momento de muita alegria

Já tínhamos melhorado bastante nesse meio tempo, não?!)

Mas de lá pra cá, já fizemos muita coisa. Já tomamos porres juntas. Já discutimos romances. Já reclamamos da vida, já choramos, já sorrimos. Fomos a shows, festas e também a outros lugares nada agradáveis. Compartilhamos medos e angustias, sugerimos filmes, influenciamos nas decisões mais sérias e nas mais corriqueiras.
Até que um dia ela resolveu ir embora.
Sim, essa frase foi muito trágica e um tanto exagerada. Mas tem um porquê: eu e todos os amigos dela ficaram divididos com essa decisão. Porque se por um lado ficamos mega felizes por saber o quão importante era isso, o quão incrível seria essa experiência, tanto pessoal quanto profissionalmente, por outro nos sentimos um pouco abandonados. Aí, fizemos uma festa para dizer isso pra ela: que nós a amávamos tanto que até faríamos de conta que não nos importaríamos tanto com a ausência dela.
E a menina que naquele dia ficou a tarde inteira trancada dentro do quarto ganhou o mundo.
Aí ela tirava fotos e a gente ficava só olhando.




E a gente tirando fotos por aqui...




Até que se passaram dois anos.
E olha só: não foram dois anos separados. Porque nesse meio tempo a distância foi diminuída pelo MSN, a saudade enfeitada com as conversas pela cam, a presença vivenciada através das páginas de relacionamento. Porque vimos os momentos felizes e divertidos das fotos, conversamos sobre os momentos difíceis. Dávamos – e recebíamos – colo por MSN [descobrimos que isso é possível, e até mesmo necessário...].
Assim, apesar de tanto tempo longe ficamos tão próximas quanto sempre. Contávamos a vida, os amores, os porres, as coisas que conheciamos, o que conquistávamos, o que nos irritava. Nossos medos e esperanças. Vivemos juntas, também.

Mas a gente sabe que isso não é exatamente como a presença. Porque falta o abraço de verdade, o toque. O sorriso sem mediação, com nitidez. Aquela coisa de pegar o telefone e marcar um encontro, nem que seja para uma daquelas bagunças sem noção, pra sentar e ficar conversando sobre tudo e sobre nada.
Eu mudei nesse meio tempo. Ela mudou, provavelmente muito mais do que todo mundo que ficou aqui. Mas tenho certeza que a gente não vai retomar a amizade, porque ela nunca foi interrompida: nós vamos nos conhecer novamente, continuar uma nova etapa na nossa amizade. E logo perceberemos que não mudamos tanto assim, principalmente porque nossa relação não mudou.
E com isso vamos ter mais do que outras fotos juntas: ter momentos, que é o que realmente importa. Por isso, já faz dias que eu penso: chega logo, dia 05 de Maio. Chega logo porque a saudade já chegou no limite e a falta parece que ficou mais pesada nos últimos dias do que em todo o tempo anterior.

Gê, te amo estamos todos esperando e loucos de vontade de aquietar um pouco essa saudade!!!!!

P.S.: Não briga comigo pela primeira foto, eu me sacaneie antes...rs

terça-feira, 12 de abril de 2011

Pensamentos Aleatórios

Às vezes tenho a impressão que a vida é como uma dessas grandes cidades cheias de quadras, cada uma com um formato, tamanhos e coisas diferentes e, por isso, cheio de esquinas - algumas mais repentinas do que se supunha quando começamos uma nova quadra. E as pessoas são como turistas que caminham por essas quadras, dobram as esquinas, às vezes entram nos prédios e vão ficando pelo caminho.

Acontece que a cada esquina que você dobra você encontra um novo mundo. É tudo muito diferente! Há muito a se descobrir em cada quadra, há tanto a ver, a dizer, a fazer...às vezes queremos continuar lá por mais tempo, mas é preciso continuar a caminhada, mudar de quadra. Às vezes, dobrar a esquina.

Mas, como eu disse, somos turistas perdidos. Às vezes viramos tantas vezes de quadra, dobramos uma esquina jurando que nunca mais olharemos para trás... e damos voltas e voltas e voltas e caímos lá, de novo. Mas então olhamos com calma e vemos que aquele lugar já mudou, ou que nós já mudamos. Normalmente os dois.

E o melhor é que nesse caminho não estamos sozinhos. Algumas pessoas estão conosco o tempo todo; talvez não caminhando lado a lado, mas na rua oposta, à distância da visão; outras vão ficando pelo caminho, vão para ruas mais distantes, andam mais rápido ou mais devagar que a gente, resolvem dobrar esquinas contrárias. Encontramos outras pessoas que passam a andar conosco, que mudam nossa forma de andar, que nos fazem querer ficar mais tempo naquele caminho. Ou que nos fazem querer chegar logo a próxima esquina.

Mas o mais surpreendente é que entre essas pessoas que você deixou pra trás em uma esquina qualquer, algumas vão reaparecer lá na frente. É maravilhoso reencontrar pessoas quando a gente inicia uma quadra que vai ser difícil. É mais fácil fazer parte de uma quadra totalmente estranha, mas com antigos companheiros de caminhada. E quando reencontramos alguém em uma esquina qualquer da vida é incrível como nos sentimos mais fortes para continuar a caminhada junto de verdade, olhando no olho, abraçando e rindo e ouvindo a risada e sentindo o abraço. E, principalmente, descobrindo novos caminhos.

Por isso, cada vez que dou um passo em uma nova direção, cada vez que eu vejo que uma nova esquina está chegando, eu olho em volta e penso em tudo o que vivi naquele caminho. E então eu me despeço das pessoas com quem caminhei naquela quadra com um pensamento, quase um desejo: ainda vamos nos encontrar em alguma esquina.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Um dia desses, num desses encontros casuais

- Oi!!! Há quanto tempo!

- Nossa, nem me fale. Como anda a vida?

- Indo! E você?

- É capaz da gente se encontrar, então...porque eu também to indo. Só não sei bem para onde!

- É, a gente nunca sabe...

Sorrisos. Troca de olhares. Silêncio.

- Sinto sua falta.

- Também sinto a sua. Mas você sabe, o destino nos levou a caminhos diferentes.

- Não, não o destino. Nossas escolhas.

- Nossas escolhas não são nosso destino?

- Não. Nossas escolhas são nossas escolhas. Destino é uma outra coisa que eu não acredito. Uma coisa que tenta fazer a gente pensar que a vida não podia ser diferente do que é.

- E a vida sempre pode ser diferente. Você sempre tentou me fazer acreditar nisso.

- Acho que nunca consegui.

- Você ainda é muito presente. Você sabe... eu ainda penso em você.

- Você é mais presente na falta. Não me leve a mal, mas quando estávamos juntos nunca estávamos juntos de verdade. Você estava sempre pensando no futuro, fazendo planos e projetos.

- E você sempre no passado. Suas lembranças e culpas. Você sempre foi muito nostálgica.

- E você muito sonhador. Seriam nossos maiores defeitos?

- Nossas principais características. Tornamo-nos irreconciliáveis?

- Nós não conseguimos nos entender.

- Conseguiríamos?

- Não sei. Nunca vivemos ao mesmo tempo.

- O que vivemos foi bom. Falando assim parece que deu tudo errado, mas não é porque acabou que não valeu a pena. Valeu. Apesar de tudo, você sabe... nós fomos muito felizes.

- Só durante o prelúdio. Quem sabe um dia ainda seremos mais?

- Quem sabe. Mas não hoje.

- Não, não hoje. Hoje tenho que ir.

- Eu também tenho. Foi bom te ver.

- Foi bom te ver. Até um dia.